Disponível
em: http://www.pannunzio.com.br/archives/11509
Acesso em: 21 mai 2012
Corregedoria
vai pedir expulsão do delegado que despiu escrivã na marra
O delegado
Eduardo Henrique de Carvalho Filho deve ser expulso da Polícia Civil do Estado
de São Paulo. Foi ele quem conduziu a desastrada Operação Pelada, que tinha por
objetivo produzir um flagrante de concussão e terminou com as cenas
constrangedoras, reveladas pelo Blog do Pannunzio e pela Rede Bandeirantes, em
que uma escrivã de polícia é despida de maneira brutal pela equipe de
corregedores comandada por Eduardo Filho.
A
recomendação de que seja demitido consta do procedimento administrativo
instaurado pela Corregedoria, que já está pronto para ser enviado ao secretário
de Segurança Pública Antônio Ferreira Pinto. É ele quem vai decidir se demite
ou não o policial. Na época, no entanto, Ferreira Pinto foi informado dos
detalhes da Operação Pelada e mandou engavetá-la. Chegou a convocar o delegado
a seu gabinete para cumprimentá-lo pela “ação bem-sucedida”.
Orientada
pelo SSP, a manobra para acobertar os delegados foi executada pela
ex-corregedora-geral Maria Inês Trefiglio. Além de arquivar o procedimento
investigatório instaurado para apurar o comportamento dos delegados, ela saiu
em defesa aberta dos subordinados. Perdeu o emprego uma semana depois que o Blog
do Pannunzio e a Band expuseram as imagens das sevícias, reproduzidas no vídeo
que abre este post.
Os
corregedores, no entanto, foram transferidos para o DENARC (Departamento de
Narcóticos), o que o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo
considerou como uma promoção, não uma punição.
O caso
abriu uma crise na cúpula da segurança pública paulista. O governador Geraldo
Alckmin cogitou até substituir o secretário, mas recuou em seguida. Na
sequência da Operação Pelada, Ferreira Pinto foi flagrado dias depois
entregando a um repórter do jornal Folha de São Paulo um dossiê com informações
contra o sociólogo Túlio Kahn, demitido sob suspeita de comercializar dados
estatísticos classificados como sigilosas sobre as áreas de risco de São Paulo.
As informações não eram abertas para o público.
O
secretário só não caiu porque se descobriu que três delegados, entre eles Marco
Antônio Desgualdo, um dos “cardeais” proeminentes da Polícia Civil de São Paulo
— na época na chefia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)
–, estavam envolvidos na desastrada operação que tinha por fim obter, do setor
de segurança do Shopping Higienópolis, a fita em que Ferreira Pinto aparecia entregando
o dossiê ao repórter da Folha.
Apresentado
ao público como uma “conspiração da banda podre da Polícia civil” contra o
secretário, o fato deu a Ferreira Pinto a condição política necessária para
permanecer à frente da pasta, onde está até hoje.
O inquérito
instaurado para apurar o abuso de autoridade dos corregedores foi arquivado
pelo juiz Octávio Augusto de Barros Filho, titular da Vara Especial do Forum de
Parelheiros, a pedido do promotor de justiça Lee Robert Kahn. A despeito de
todas as provas apresentadas, o representante do Ministério Público encontrou
no espetáculo de brutalidade dos policiais “apenas o rigor necessário” na
condução da correição.
O Grupo
Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP) do MP tentou
promover o desarquivamento do inquérito, mas não encontrou provas novas,
requisito imposto pelo Código de Processo Penal para a reabertura das
investigações.
Para ler a
íntegra das reportagens publicadas pelo Blog do Pannunzio sobre a Operação
Pelada, clique aqui.