Disponível em: http://www.sindpesp.org.br/n/default.aspx?IdNoticia=187&ver=tlhhA3LEOscXidL[*****]xFgAlQ==&pm=tlhhA3LEOscXidL[*****]xFgAlQ==&gp=K5WFBCfutt4kMktyZ4Bywg==&ch=9jmrFAiZ[*****]QNRGIadyAPwRg==&vl=P[*****]XTtFjpEaJaKWT1ggbfRfHWY[*****]PBvP8diuPmZJ1eSGE=&Area=1
Acesso em: 31 jan 2012
OPERAÇÃO
DESASTROSA --- por Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo
Enquanto a
criminalidade cresce em todas as regiões de São Paulo, a Polícia Militar, sob
as ordens do Governador Geraldo Alckimin, atua com extrema "eficácia"
contra desabrigados, dependentes químicos, movimentos sociais, manifestações de
trabalhadores e de estudantes, etc., onde a truculência, pelo que se tem observado,
é o único meio adotado para impor a ordem na sociedade. É simplesmente
lamentável. --- Só se usa a violência quando falta a inteligência.
SÃO PAULO -
A julgar pelos resultados, a operação policial no Pinheirinho foi desastrosa:
algumas pessoas saíram machucadas, famílias ficaram sem ter onde morar e o
"imbróglio" judicial em torno da massa falida da Selecta não ficou
mais perto do fim.
Boa parte
das consequências era previsível antes de o juiz assinar a reintegração de
posse e a polícia executá-la. A pergunta é: por que tanta gente participou de
uma ação da qual claramente resultaria mais mal do que bem? Respondê-la é
tarefa para os novos cientistas do mal, pesquisadores como Roy Baumeister, que
se dedicam a estudar como a violência brota e se espalha pela sociedade.
Entre
várias descobertas e "insights" valiosos, Baumeister mostra que um
modo eficaz de arrebanhar perpetradores para ações cruéis é dividir a
responsabilidade, de preferência entre muitos atores, incluindo figuras de
autoridade. A psicologia de grupo ensina que, nessas situações, poucos ousarão
levantar a voz para denunciar a imoralidade e, como ninguém se sentirá
pessoalmente responsável, não deverá opor muita resistência em tomar parte no
processo.
Uma receita
quase infalível é a preconizada pelo sistema: um juiz defere a reintegração e
não tem mais nada a ver com isso; o governador manda a polícia cumprir a
determinação judicial e sai de cena; o comandante ordena à tropa que aja, e os
soldados, que têm juízo, obedecem. Ninguém é responsável sozinho e, por isso,
fica fácil espancar uns pobres diabos e pôr famílias no olho da rua.
Muitas
vezes, essa divisão do trabalho e das responsabilidades funciona para o bem,
mas nem sempre. Se a ideia é fazer justiça e não só cumprir leis, juízes talvez
devessem visitar as áreas a ser reintegradas e conversar com os moradores antes
de assinar despachos. Os americanos chamam isso de "igual consideração de
interesses", um princípio moral que alguns filósofos consideram tão ou
mais importante que a própria noção de direitos.
Fonte:
Folha de São Paulo de 28/01/2012