31 de jan. de 2012

Dor e sofrimento ou amor e acolhimento?



27/01/2012 11:17

Dor e sofrimento ou amor e acolhimento?

A maneira pela qual o poder público de São Paulo trata o seu povo é, no mínimo, insensata. Basta analisarmos algumas reportagens que ganharam destaques nos últimos dias que chegaremos à conclusão de que estamos vivendo o verdadeiro caos: na saúde pública, tivemos médicos e funcionários acusados de inúmeras fraudes; membros do Tribunal de Justiça de São Paulo ganham destaque por operações suspeitas; funcionário da Secretaria da Segurança Pública vendia informações “privilegiadas” sobre as estatísticas criminais e hoje, aberta ao público, paira uma suspeita de fraude nos números dos índices da criminalidade.


Esta caótica situação ficou mais evidente com a operação militar realizada no bairro da Luz, onde a falência do poder público ficou demonstrada, pois se aquelas pessoas estão ali, jogadas, aglomeradas e consumindo drogas a céu aberto diuturnamente é porque o Estado falhou em suas áreas de atuações básicas, que são educação, saúde, assistência à família e segurança pública. Em meio às sessões de violência praticadas pela Polícia Militar, o coordenador de Políticas sobre Drogas de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, disse: “Dor e o sofrimento fazem a pessoa pedir ajuda”. É difícil acreditar que um ser humano pudesse ser capaz de “oferecer” ajuda a outro ser humano causando-lhe dor e sofrimento, ainda que esta “ajuda” seja para um dependente químico.

Faltam tratamento humanitário e políticas públicas adequadas para resolver um problema de saúde pública. Neste caso da região da Luz o apoio policial é necessário, mas não pode ser o único serviço público a ser “prestado” nestas situações. A violência e arbitrariedade não combinam com uma nação que se diz Estado Democrático e de Direito. Quem sabe poderemos substituir as palavras “dor e sofrimento” por “amor e acolhimento”, mas isto não daria holofotes para os políticos de plantão.

George Melão é presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.