Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/05/1282733-policial-ganhara-bonus-de-ate-r-10-mil-para-reduzir-crime-em-sp.shtml
Acesso em: 22 mai. 2013
22/05/2013-03h30
Policial
ganhará bônus de até R$ 10 mil para reduzir crime em SP
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ROGÉRIO
PAGNAN
DE SÃO
PAULO
O governo
de São Paulo vai pagar um bônus semestral de até R$ 10 mil para os policiais de
todo o Estado que conseguirem reduzir os índices de criminalidade nas suas
áreas.
O pagamento
começará a ser feito em 2014 --a partir dos resultados medidos no segundo
semestre deste ano.
A medida é
parte de um pacote que será anunciado hoje pelo governador Geraldo Alckmin
(PSDB) contra a alta de indicadores de violência.
O policial
de uma unidade que cumprir todas as metas de redução de criminalidade propostas
para a sua área receberá um bônus de até R$ 4.000 --independentemente do
salário de cada profissional.
Esse valor
poderá chegar a R$ 10 mil com uma premiação extra para 10% dos policiais mais
bem avaliados, tanto da Polícia Militar como da Polícia Civil e da Científica.
Os
critérios de avaliação serão anunciados nos próximos dias. Hoje, Alckmin deve
anunciar a assinatura de um convênio com o Instituto Sou da Paz --que
contratará uma consultoria para apresentar as metas a serem atingidas em cada
região.
O que está
definido é que cada área terá um índice próprio. Assim, os policiais de
Higienópolis (na região central), por exemplo, terão metas diferentes dos de
Taboão da Serra (na Grande SP).
Inicialmente,
serão avaliados os seguintes indicadores: homicídios dolosos (com intenção),
latrocínio (roubo seguido de morte), roubo em geral, furto e roubo de veículos.
Mas não
está descartada a inclusão de outros --como sobre a letalidade policial.
Para Luís
Sapori, ex-secretário de Segurança Pública de Minas Gerais que participou da
implantação de um sistema de bônus a policiais naquele Estado, há pontos
positivos e negativos na medida.
Por um
lado, diz, trata-se da criação de um incentivo que costuma dar bons resultados
na iniciativa privada.
Mas ele
ressalva que a premiação por grupos pode criar rivalidade entre os policiais.
"Isso
pode criar um competitividade muito perniciosa e evitar até a cooperação, troca
de informações", afirmou.
"O
risco é a manipulação de estatísticas para atingir as metas", disse ele,
defensor de um bônus para a polícia inteira --como ocorreu em Minas.
"É
extremamente positivo que se comece essa cultura [de avaliação]. Precisa ter
uma auditoria permanente dos dados para que homicídio não vire encontro de
cadáver", disse o sociólogo Cláudio Beato.
O governo
diz que haverá um acompanhamento externo permanente dos dados.
A
presidente da Associação dos Delegados de São Paulo, Marilda Pinheiro,
questiona a iniciativa.
"Vão
premiar o policial para cumprir sua obrigação. Acho um absurdo. Não trabalhamos
por produção", diz.
Ela também
afirma temer pela maquiagem de estatísticas e defende reajuste dos salários, em
vez de bônus.
CARGOS
Além do
bônus, o governo deverá anunciar a criação de 4.600 novos cargos para a Polícia
Civil --dos quais 1.800 serão para a Científica.
A polícia
também fará uma reformulação de órgãos responsáveis por investigações.
O Estado e
a capital paulista registraram elevação dos homicídios durante oito meses
consecutivos. Alckmin disse que os indicadores de abril (que ainda serão
divulgados) apontarão queda.
Editoria de
arte/Folhapress