12 de jan. de 2013

Com 250 casos por delegado, divisão policial de elite passará por mudança em SP



FOLHA DE SÃO PAULO
30/11/2012-06h00
Com 250 casos por delegado, divisão policial de elite passará por mudança em SP

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
JULIA BOARINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A crise na segurança pública de São Paulo sobrecarregou a divisão de homicídios do DHPP, considerada uma "ilha de excelência" da Polícia Civil paulista. Atualmente, são cerca de 3.000 inquéritos aguardando solução.


Esses números, fornecidos por policiais da divisão e confirmados pela associação de delegados, são apontados como um dos maiores "estoques" da história do DHPP.

Só neste ano, segundo policiais, cerca de 4.500 inquéritos foram abertos. Parte foi esclarecida, mas ainda assim a média é de 250 casos para cada um dos 12 delegados.

Ontem, o novo delegado-geral Luiz Maurício Souza Blazeck, confirmou haver problemas e disse que haverá mudanças no DHPP.

"Sem dúvida nenhuma [haverá reestruturação]. Temos que reestabelecer um sistema diferenciado para que nós possamos dar uma resposta mais rápida", disse.

Entre os motivos, segundo os policiais, estão medidas adotadas pelo governo para estancar crises na segurança.

MORTES EM CONFRONTO

Uma delas foi a transferência para o DHPP, em 2011, das investigações dos casos de "resistência seguida de morte" --quando o policial mata um criminoso em confronto.

A mudança ocorreu após investigação apontar que um suspeito, já rendido, foi morto por policiais que o socorriam. O caso ocorreu em Ferraz de Vasconcelos (Grande SP). Uma testemunha ligou ao 190 e narrou em tempo real o assassinato por dois PMs.

Segundos os policiais do DHPP, o órgão também passou a receber casos de mortes suspeitas e homicídios no começo da investigação (que deveriam ficar nos distritos).

"Entupiram o DHPP de casos. Isso compromete o desempenho da divisão, que era tida como de excelência", disse a presidente da associação dos delegados, Marilda Pinheiro. "Espero que as mudanças possam recuperá-la."

A Secretaria da Segurança Pública não comentou o assunto e não colocou ninguém para falar com a Folha. Perguntas enviadas por e-mail não foram respondidas.