Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/80619-apesar-da-crise-alckmin-investiu-45-da-verba-de-seguranca-publica.shtml Acesso em: 02 dez. 2012
Apesar da
crise, Alckmin investiu 45% da verba de segurança pública
Polícia
Civil foi a área com menos investimento, com uso de 15% do dinheiro previsto no
Orçamento
Recursos
são para a compra de veículos e de equipamentos de inteligência; governo diz
que índice vai subir
ROGÉRIO
PAGNANAFONSO BENITESDE SÃO PAULO
Faltando
pouco mais de 30 dias para fechar um dos anos mais violentos em São Paulo desde
o final da década de 1990, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) aplicou apenas
44,6% do previsto no Orçamento para investimentos na área de segurança pública.
Dados do
sistema de acompanhamento da execução orçamentária (Siafem) mostram que a
Secretaria da Segurança Pública empenhou (comprometeu) até a semana passada R$
195,2 milhões dos R$ 437,9 milhões do Orçamento.
Se for
considerar o valor liquidado (que efetivamente deixou os cofres), foram
despendidos apenas R$ 36 milhões, ou 8,2% do planejado.
Essa verba
não inclui despesas com custeio da pasta (como folha de pagamento), mas apenas
investimentos como compra de veículos, construção de prédios ou aquisição de
equipamentos de informação e inteligência.
A Polícia
Civil foi a que menos gastou, empenhando apenas 15% do que havia orçado. Nesse
período, a Polícia Militar empenhou 67,5% (veja quadro nesta página).
Os números
foram obtidos pela Folha com a liderança do PT na Assembleia. O governo afirma
que o índice vai subir até o final do ano, com a conclusão de licitações.
INVESTIGAÇÃO
Para a
presidente da Associação dos Delegados de SP, Marilda Pinheiro, a falta de
investimentos acabou sucateando a Polícia Civil.
A Polícia
Civil é considerada a "polícia de inteligência", que deve esclarecer
crimes.
A
inteligência policial e a investigação são consideradas pela maioria dos
especialistas como fundamentais para frear a violência, que neste ano já
vitimou ao menos 4.107 pessoas, incluindo 96 PMs.
A gestão de
Antonio Ferreira Pinto, que foi demitido na semana passada, recebeu críticas
por ter supostamente priorizado a PM e o enfrentamento com o crime organizado
em detrimento da Polícia Civil e do trabalho de investigação. O ex-secretário
nega.
A
prioridade para inteligência e investigação foi apontada pelo novo secretário
da Segurança Pública, Fernando Grella Veira, como uma das principais mudanças
previstas para sua gestão.
A Folha
tenta, sem sucesso, entrevistar Grella desde que assumiu o cargo, na última
quinta-feira. Ontem, após a posse dos chefes das polícias, ele também não
falou.