Disponível em: http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/19615/Policia+esta+sobrecarregada+em+Bauru
Acesso em: 29 abr 2012
dia a dia
23/04/2012
21:30
Polícia está sobrecarregada em Bauru
Déficit no
número de policiais civis, militares e peritos é superior a cem profissionais.
Veja relatos
Cristiano
Pavini/Colaboração
Oficialmente,
o discurso é de que o número de policiais em Bauru é adequado. Mas, assim que o
repórter desliga o gravador e o assunto fica extra-oficial, o lamento de
delegados, sargentos, investigadores, majores, escrivães e peritos fica
evidente: faltam profissionais de segurança na cidade.
“Aqui não
tiramos leite de pedra, porque seria pouco. O que fazemos é verdadeira mágica”,
diz um dos escrivães do Plantão da Polícia Civil.
São apenas
cinco escrivães no plantão, que se revezam em turnos de 12 horas para atender
às ocorrências dos cidadãos e as apresentadas pelos Policiais Militares. Para
conter a demanda, recebem ajuda de investigadores e podem trabalhar quase 24
horas seguidas.
Com a
sobrecarga de trabalho, o nível de produção acaba reduzido. Em horários de pico
e de troca de turno, o atendimento pode demorar. E muito.
“Já cheguei
a esperar por dez horas para apresentar uma ocorrência”, diz um sargento da
Polícia Militar.
A
instituição, aliás, também sofre com a falta de efetivo. Levantamento do BOM
DIA mostra que o deficit chega a até cinquenta PMs em Bauru.
Por
questões de hierarquia, os comandantes não podem reclamar publicamente. Sob
anonimato, lamentam o número reduzido de policiais. Mas ressaltam que a
população não está sendo prejudicada. “Trabalhamos no sacrifício para garantir
a segurança”, afirmam.
Apesar dos
esforços, o número de furtos neste bimestre foi 41% maior do que no ano
passado. Grande parte disso é culpa do crack, mas um policiamento ostensivo
completo melhoraria a situação, dizem os oficiais.
O setor de
investigação, de responsabilidade da Polícia Civil, também trabalha “na base da
raça”, como resumiu um dos investigadores.
Segundo
levantamento do BOM DIA junto à Seccional, é necessário contratar cerca de 60
policiais, principalmente investigadores e escrivães.
A DIG
(Delegacia de Investigações Gerais) de Bauru, por exemplo, tem o mesmo número
de funcionários da DIG de Botucatu, mas o nível de atendimento é três vezes
maior.
A Dise
(Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) tem hoje seis investigadores,
mas chega a trabalhar com quatro, pois há revezamento de férias, licenças ou
cursos.
“O trabalho
de investigação, com pesquisa em campo, escutas telefônicas, tomada de
depoimentos, entre outros, precisa de um número maior de investigadores”,
ressalta um dos profissionais ouvidos.
O delegado
titular da Secccional de Bauru, Marcos Mourão, reconhece a falta de policiais,
mas ressalta a eficiência da equipe de Bauru. “Mais de 80% dos crimes graves
são solucionados”, diz ele.
O delegado
seccional também adianta que haverá a junção das unidades policiais em um único
espaço físico até o final do ano. “Isso irá otimizar nossos trabalhos”,
garante.
Nem mesmo a
polícia científica escapa do déficit. São 14 peritos atualmente, que respondem
por 19 cidades, algumas a quase uma hora de distância. “Fazemos o impossível”,
afirma um dos policiais.
O número de
peritos era maior, mas seis deles aposentaram de uma só vez recentemente. A
previsão é de que novos peritos sejam contratados até o final do ano.
Salário /Além
da falta de pessoal, os policiais reclamam também do salário. No infográfico ao
lado está a comparação com profissionais de Brasília, os mais bem pagos do
país.
A PEC 300
(Projeto de Emenda a Constituição), pretende criar um piso nacional da
profissão para acabar com as diferenças. Mas o projeto aguarda a votação no
Congresso Nacional e enfrenta resistência dos governos estaduais e federais por
conta dos gastos.
Resposta /A
responsabilidade pela contratação de policiais e salários é do Governo
Estadual. A Secretaria de Segurança Pública não respondeu os questionamentos
sobre o déficit na cidade, apenas citou contratações a nível estadual e números
da atuação das polícias civil e militar. A assessoria de imprensa da PM, em São
Paulo, não respondeu os questionamentos até a noite desta segunda-feira.