20 de jan. de 2012

Sucateamento da Polícia Civil, quem paga?



Sucateamento da Polícia Civil, quem paga?

Enfrentamos o final dos tempos na Polícia Civil da Baixada Santista, escrivães e delegados estão sendo tratados como se fossem um pequeno cobertor tentando de qualquer forma, proteger do frio uma sociedade desamparada pela política de segurança pública do governo estadual, ou seja, apesar do baixo efetivo, tentam cobrir o déficit de funcionários se desdobrando para realizar um bom atendimento e ainda dar andamento às investigações. Porém, inevitavelmente, essa política é prejudicial aos andamentos das investigações, pois, se puxarmos o cobertor para melhorar o atendimento ao público fica prejudicada a investigação, por outro lado se puxarmos o cobertor para dar um melhor andamento às investigações, fica prejudicado o atendimento ao público.

Nosso sindicato, entende o contrário do que vem sendo veiculado na imprensa, que a vinda de policiais de outras regiões para a nossa, no período da temporada, trata-se de reforço policial e sim reposição, pois desde o ano de 2002 não é contratado para a nossa região escrivães e investigadores, e os poucos Delegados que foram lotados em 2008 não são suficientes para repor os funcionários que foram transferidos sem permuta para outras regiões, aposentados, afastados por motivos médicos, exonerados principalmente em razão dos baixos salários, migrando para outros concursos. Se isso não bastasse o aumento da população e da criminalidade na região já seria motivo suficiente para o aumento do nosso efetivo.

“Não temos segurança pública porque a Polícia Civil não tem policiais suficientes para cobrir a demanda de crimes que tem aumentado ano a ano e, principalmente, porque a Polícia Civil está sucateada, sem rumo e sem referência’, detona um escrivão. “O policial civil tem que deixar de ser um capacho para investigar e prender, e não um simples recepcionista, sob o risco de sermos extintos”. alerta um Escrivão de Polícia Civil.

O reflexo, para a nossa sociedade, dessas políticas de má gestão e de sucateamento da Polícia Civil, é o aumento dos roubos seguidos de morte no estado de São Paulo, cuja principal causa é a impunidade dos delinquentes, pois sabemos que não é mais necessária a reação da vítima para que o ladrão efetue o disparo de arma de fogo e sim a certeza da impunidade, fazendo com que este continue solto, roubando e matando outras vítimas pela cidade. Com a criminalidade em alta, sem a polícia nas Delegacias como deveria e com as investigações da Polícia Civil totalmente paralisadas , a onda de violência explode e deixa todos em estado de pânico.

Sempre se colocando em uma posição neutra, garantindo que quem sofre com isso é a sociedade que se vê agredida em todos os tipos de crimes, além da própria instituição cada vez mais esfacelada, o escrivão garante que além de melhores salários de investigadores e escrivães, o Governo e os mandatários da Polícia Civil também precisam sentar na mesma mesa para discutir políticas que incentivem e qualifiquem os policiais, que hoje estão totalmente esquecidos, para não dizer abandonados.

Também sabemos que o posicionamento da administração com relação à política que vem sendo adotada em que tenta solucionar os problemas da falta de funcionários, com o famoso “quebra galho”, o “jeitinho brasileiro”, sobrecarregando os funcionários e na maioria das vezes impondo que realizem funções que não competem às suas atribuições. Exemplo disso são as portarias DSP 09/2011 e DSP 10/2011 da Delegacia Seccional de Santos, “como exemplo investigadores e agentes sem a necessidade de um escrivão, podem elaborar boletins de ocorrências, os retirando das ruas e desviando da verdadeira função que é investigar, elucidar crimes , enfim quem paga é a população”.

Temos a certeza que cada um exercendo suas atribuições contribuirão muito mais para investigar e prender, ou seja, escrivão é escrivão, investigador é investigador, agente é agente e delegado é delegado. Deu para entender?

Para concluir, falando a verdade. Esse sucateamento que a Polícia Civil vem sofrendo, tornando nossa instituição cada vez mais devagar, quase parando em passos de tartaruga. A Polícia Civil não tem efetivo, pois muitas delegacias possuem apenas 30% do efetivo que precisaria. Em alguns municípios como Bertioga a coisa ainda é pior. Enquanto isso, mais de 95% das ocorrências estão paradas nas gavetas e nos arquivos mortos, sem que fosse possível seus esclarecimentos”.