3 de set. de 2011

Corregedoria da Polícia Civil aumenta o rigor



Quarta, 31 de Agosto de 2011 – 23h41



Corregedoria da Polícia Civil aumenta o rigor

Número de inquéritos, sindicâncias e processos contra policiais subiu após mudança administrativa
Jucimara de Pauda

Delegados, investigadores e carcereiros que cometem desvios funcionais estão na mira da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. Este mês, em todo o Estado, foram instaurados 378 inquéritos policiais, sindicâncias e processos administrativos para apurar crimes cometidos por policiais.

São 409 apurações preliminares em andamento. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (31) pelo Diário Oficial de São Paulo. A Corregedoria de Ribeirão Preto, que abrange 93 cidades da região investiga, o procedimento de policiais de 12 municípios.

Para o especialista em segurança pública, José Vicente da Silva Filho, a mudança na estrutura da Corregedoria, que desde 2009 passou a ser vinculada ao gabinete do Secretário de Segurança Pública, foi a responsável pelo cerco aos policiais civis que cometem irregularidades. Antes, os corregedores eram subordinados ao DGP (Delegacia Geral da Polícia).

"Desde a mudança, a Corregedoria adotou um rigor maior em fazer os processos e principalmente em dar velocidade a eles", diz o especialista.

Ele destaca que inquéritos e sindicâncias parados há anos foram encerrados e os policiais foram demitidos. "Antes a filosofia do trabalho da Polícia Civil era demitir o servidor depois que saísse a decisão da justiça, hoje ele é demitido porque praticou um ato que não condiz com sua função que pode ser desde maltratar uma pessoa que procurou a delegacia até corrupção", afirma.

Na região

Policiais civis já estiveram nos cargos de delegados seccionais, investigadores, carcereiros e peritos são investigados pela Corregedoria de Ribeirão Preto. Diário Oficial de São Paulo mostra que os servidores públicos são investigados sobre atos que vão desde o roubo de uma caneta até o assédio a colegas de trabalho.

Crítica

Na última terça-feira (30), a Assembléia Legislativa não votou pela segunda vez, por falta de quórum, o projeto do deputado Campos Machado (PTB) que faria a Corregedoria voltar à alçada da Delegacia Geral de Polícia. O líder da bancada do PT, o deputado Edinho Silva, diz que na primeira votação foi favorável ao projeto porque é contra a criação de órgãos públicos por decreto, como o assinado por Serra há dois anos. "Não podemos aceitar que o governo aja por decreto porque enfraquece a democracia. Essa foi a posição da bancada do PT durante a votação".

Ele acrescenta que a Corregedoria precisa ser uma instituição fortalecida. "Não podemos esquecer que existem muitos policiais bons e honestos na corporação", diz. Ele acrescenta que o ideal seria que todos os atos da Corregedoria fossem fiscalizados pela sociedade civil.

Desvinculação

A presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis da região de Ribeirão Preto) Maria Alzira da Silva Correa defende uma posição que tem adeptos em outras instâncias: a desvinculação da corregedoria do gabinete do secretário de Segurança Pública.

"Queremos que a Corregedoria fique com a Delegacia Geral de Polícia, porque não existe banda podre entre os policiais civis, esta frase é para denegrir a imagem da corporação", diz.

O advogado Cesar Augusto Moreira, que defende vários policiais civis em processos que tramitam na Corregedoria, afirma que o ideal é um órgão independente, desvinculado do DGP e do gabinete do secretário Antônio Ferreira Pinto.