Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2904201108.htm Acesso em: 1 maio 2011
ANÁLISE
PAULA MIRAGLIA
SPECIAL PARA A FOLHA
O orçamento é uma ferramenta básica de gestão pública. Um indicativo das prioridades, bem como da capacidade executiva do Estado.
No Brasil, por muito tempo, a segurança pública teve boa parte de seu orçamento aplicada em armas e viaturas, o que revelava a falta de um projeto complexo de prevenção e combate ao crime.
Nesse sentido, vale a pena refletir sobre os gastos com segurança em São Paulo.
Como entender a diferença de tratamento dado às corporações? A Polícia Civil precisa menos de dinheiro? As delegacias são adequadas? Os policiais, bem treinados? Os salários são compatíveis com a responsabilidade da carreira?
Uma boa resposta está na avaliação da qualidade do serviço prestado no Estado.
Estima-se que 60% dos homicídios cometidos em São Paulo não são solucionados.
Esse é um dos princípios fundamentais de qualquer política de segurança pública que se pretenda eficiente.
Como explicar, portanto, que justamente a polícia responsável pela investigação não tenha recebido todos os investimentos necessários?
Tal diferença levanta ainda uma questão de fundo: qual é o projeto de política de segurança pública que a secretaria do Estado pretende empreender? E, nesse projeto, como se articulam e equacionam policiamento ostensivo, inteligência policial e políticas de prevenção?
O modelo brasileiro, com duas polícias com atribuições distintas, impõe desafios já conhecidos para a segurança no país. Cabe à boa gestão da política e dos recursos a tarefa de superá-los.
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PAULA MIRAGLIA é diretora-geral do International Centre for the Prevention of Crime - ICPC