Disponível em: http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/policiais-militares-denunciados-por-mulher-responderao-por-homicidio-20110405.html Acesso em: 9 abr 2011
publicado em 05/04/2011 às 13h37:
Dois são suspeitos de matar um homem que teria roubado dentro de um cemitério
José Patrício/AE
Homem foi assassinado no dia 12 de março no cemitério das Palmeiras
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Os dois policiais militares suspeitos de matar um suspeito de roubo no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e denunciados por uma mulher que presenciou o crime vão responder por homicídio. Os soldados Ailton Vital da Silva e Filipe Daniel da Silva foram autuados e encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes.
A dupla trabalhava na 4.ª Companhia do 29.º Batalhão. Os PMs também podem ser expulsos da corporação. O Conselho de Disciplina da PM tem 45 dias para avaliar o caso.
O suspeito foi assassinado na tarde do dia 12 de março. Ele tinha passagens por roubo, receptação, formação de quadrilha e resistência, sendo egresso do sistema prisional desde 24 de agosto de 2010.
Uma mulher, que visitava a sepultura de seu pai, presenciou o crime e ligou para o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar). Segundo a mulher, os policiais tiraram uma pessoa da viatura e atiraram contra ela. A testemunha, que permanece sob proteção policial, ligou para a PM e descreveu o crime.
- Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai.
A mulher não conseguia ver a placa nem o prefixo da viatura policial do local em que presenciou o assassinato. Enquanto falava com o Copom, que gravou a ligação, ela esperou os policiais passarem perto para que pudesse ver os dados da viatura. Em seguida, o suposto policial autor da execução percebeu a presença da testemunha, parou a viatura e foi em direção a ela. A mulher se antecipou e foi falar com o policial. Segundo a conversa gravada pelo Copom, o policial diz que não havia atirado e, na realidade, estava socorrendo a vítima.
- Estava socorrendo? Meu senhor, olhe bem para a minha cara. Eu não vou [para a delegacia]. Ele falou que estava socorrendo. É mentira. É mentira, senhor. É mentira. Eu não quero conversar com o senhor. E o senhor tem a consciência do que o senhor faz.
Os policiais militares suspeitos de execução registraram um boletim de ocorrência de roubo seguido de resistência e morte, no qual alegavam que o homem morto havia resistido à prisão. Mas a ligação gravada da testemunha contradiz o depoimento dos oficiais.
O caso aconteceu durante o mês de março, porém a PM manteve o caso sob sigilo para preservar as testemunhas. Dois PMs foram detidos e levados ao presídio militar Romão Gomes, na região norte de São Paulo.