10 de abr. de 2011

Policiais militares denunciados por mulher responderão por homicídio

Disponível em: http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/policiais-militares-denunciados-por-mulher-responderao-por-homicidio-20110405.html Acesso em: 9 abr 2011

publicado em 05/04/2011 às 13h37:

Dois são suspeitos de matar um homem que teria roubado dentro de um cemitério





José Patrício/AE
Homem foi assassinado no dia 12 de março no cemitério das Palmeiras
 
Os dois policiais militares suspeitos de matar um suspeito de roubo no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e denunciados por uma mulher que presenciou o crime vão responder por homicídio. Os soldados Ailton Vital da Silva e Filipe Daniel da Silva foram autuados e encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes. 

A dupla trabalhava na 4.ª Companhia do 29.º Batalhão. Os PMs também podem ser expulsos da corporação. O Conselho de Disciplina da PM tem 45 dias para avaliar o caso.

O suspeito foi assassinado na tarde do dia 12 de março. Ele tinha passagens por roubo, receptação, formação de quadrilha e resistência, sendo egresso do sistema prisional desde 24 de agosto de 2010.

Uma mulher, que visitava a sepultura de seu pai, presenciou o crime e ligou para o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar). Segundo a mulher, os policiais tiraram uma pessoa da viatura e atiraram contra ela. A testemunha, que permanece sob proteção policial, ligou para a PM e descreveu o crime.

- Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai.

A mulher não conseguia ver a placa nem o prefixo da viatura policial do local em que presenciou o assassinato. Enquanto falava com o Copom, que gravou a ligação, ela esperou os policiais passarem perto para que pudesse ver os dados da viatura. Em seguida, o suposto policial autor da execução percebeu a presença da testemunha, parou a viatura e foi em direção a ela. A mulher se antecipou e foi falar com o policial. Segundo a conversa gravada pelo Copom, o policial diz que não havia atirado e, na realidade, estava socorrendo a vítima.

- Estava socorrendo? Meu senhor, olhe bem para a minha cara. Eu não vou [para a delegacia]. Ele falou que estava socorrendo. É mentira. É mentira, senhor. É mentira. Eu não quero conversar com o senhor. E o senhor tem a consciência do que o senhor faz.

Os policiais militares suspeitos de execução registraram um boletim de ocorrência de roubo seguido de resistência e morte, no qual alegavam que o homem morto havia resistido à prisão. Mas a ligação gravada da testemunha contradiz o depoimento dos oficiais.

O caso aconteceu durante o mês de março, porém a PM manteve o caso sob sigilo para preservar as testemunhas. Dois PMs foram detidos e levados ao presídio militar Romão Gomes, na região norte de São Paulo.