Disponível em: http://flitparalisante.wordpress.com/2011/03/31/a-policia-civil-do-estado-ensaia-os-seus-derradeiros-passos/ Acesso em: 3 abr 2011
Opinião
Matéria publicada em 31/03/11
Boca no trombone
Estado terminal
Paulo Passos
Qual animal em vias de extinção, a Polícia Civil do Estado, ao que tudo leva a crer, ensaia os seus derradeiros passos.
As palavras que parecem soar fortes, e que, por certo, merecerão críticas e argumentações contrárias, se baseiam em fatos atuais, que encaminham a prestigiosa instituição para um trilho sem volta.
Alguns exemplos do que insinuo, podem ser extraídos de decisões que parecem estabanadas, mas que visam, claramente, esvaziá-la.
Assim, a passagem abrupta do Detran para a Secretaria de Gestão, teve por condão “moralizar” o departamento – nem se diga que a liberação de policiais foi o cerne da questão- enredado em casos de corrupções. Procurou se demonstrar que, até prova em contrário, os policiais civis eram venais, enquanto os “civis” de agora, ostentariam todas as condições para, imaculados, levarem avante a empreitada.
Ainda nessa mesma sequência, o senhor Secretário de Segurança Pública chamou para si a responsabilidade sobre a Corregedoria da Polícia Civil, enquanto aquela outra, da instituição congênere, permanecia sob a gestão da própria força. Em outras palavras, novamente, os corregedores civis, para bem desempenhar suas funções, precisariam de controle superior.
Tal não bastasse – é o que se apregoa -, as unidades encravadas nas pequenas cidades, com populações de até 10 mil habitantes, seriam fechadas, cabendo aos destacamentos militares a manutenção do policiamento.
Por derradeiro, nessa linha de pensamento, como preparação para o exercício de futuros encargos, os milicianos recebem a estranha tarefa de, também, confeccionar, “Boletins de Ocorrências”, de um sem número de eventuais infrações penais.
Mogi sentiu – e sente -, na carne, o drama da vontade hercúlea de se subjugar a instituição civil.
Ao início, se alegando a falta de autoridades policiais, se pretendeu fechar um dos seus principais distritos. Ao depois – em razão da revolta popular, ou de maneira pensada -, se acenou com a utilização de um único Delegado de Polícia, para fazer frente a dois plantões simultâneos.
Evidentemente, não se pensou no povo, que, ou teria de se arrastar pelas madrugadas por incontáveis quilômetros para expor suas agruras, ou terá de esperar por tempo infindo – mais do que já espera-, para ser atendido.
Aliás, em defesa da atitude a se tomar, se chegou, inclusive, à criação de teratológica e ilegal figura: o “flagrante por telefone”.
Enquanto isso, a cúpula da Polícia Civil adormece. Teme por seus passageiros cargos. Saudades de Maurício Henrique, Dante Maltoni, Pilar Fernandes, Celso Telles, entre tantos!
Paulo Passos
é advogado, professor, mestre e doutor em Direito