Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/01/greve-so-dentro-da-lei-diz-novo-delegado-geral-da-policia-civil-de-sp.html Acesso em 10 jan 2011
10/01/2011 17h33 - Atualizado em 10/01/2011 18h09
Marcos Carneiro anunciou suas metas mais imediatas em entrevista.Prioridade é melhorar a investigação policial e o atendimento ao público, diz.
Marcelo Mora Do G1 SP
Marcos Carneiro concede primeira entrevista como delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo nesta segunda-feira (Foto: Marcelo Mora/G1) |
O novo delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro, concedeu na tarde desta segunda-feira (10) sua primeira entrevista coletiva no cargo, na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), no Centro. Em sua apresentação, entre outros assuntos, deixou claro, como metas imediatas, que vai priorizar o trabalho investigativo da polícia e a melhoria do atendimento ao cidadão. Ao ser questionado, falou de melhorias salariais para os policiais, de greve, corrupção e de pacto pela segurança pública, como o que vem sendo proposto pelo governo federal.
O delegado-geral fez questão de deixar claro que não é contra o direito dos policiais de participarem de campanhas salariais. "Mas não vamos admitir a quebra da hierarquia. Polícia Civil não é centro acadêmico, não é clube", afirmou.
Para Carneiro, a greve de policiais só deve ocorrer em último caso. "Quero deixar claro que respeitamos toda e qualquer ação que vise a melhoria salarial. O governo está sensível à melhoria salarial. Mas greve nunca é o primeiro recurso. É o último recurso. Nosso critério é: greve tem de ser dentro da lei. O dirigente sindical tem que respeitar a lei. Se depois de todas as negociações, se decidir pela greve, tem que fazer dentro da lei. E já existe uma lei que regulamenta a greve de servidores públicos em serviços essenciais", declarou.
O delegado-geral mostrou-se favorável à reestruturação da Polícial Civil no que se refere aos planos de carreira. Em São Paulo, atualmente são 14 carreiras. Para ele, deveriam existir apenas o delegado, o perito e o agente policial, que executaria diferentes funções na polícia. Um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional prevê a redução para sete carreiras policiais.
Sobre corrupção, Carneiro prometeu combater os "policiais bandidos" e, para isso, apoiar a atuação da Corregedoria da Polícia Civil. "Corrupção vamos combater de frente. Não podemos tolerar nem o mínimo sequer. O policial bandido é pior que o bandido", disse. No entanto, ele negou a existência de uma "banda podre" da polícia. "Existem policiais podres, que precisam ser expurgados. Cabe a nós resgatar a confiabilidade da Polícia Civil", disse.
Sobre um pacto nacional para uma melhora da segurança pública em todo o país, ele o considera viável desde que exista uma "melhor comunicação entre as insituições".
Ao iniciar a entrevista, Carneiro anunciou a sigla - LIMPE - com a qual norteará suas ações e decisões à frente da Delegacia Geral. "São as iniciais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência", explicou. As suas duas primeiras metas como novo delegado-geral serão aprimorar o trabalho de investigação e melhorar o atendimento ao público.
"Atualmente prevalece a cultura cartorial para elucidar crimes, que consiste em colher os depoimentos dos envolvidos na delegacia. Queremos mudar isso, com o trabalho investigativo de campo. Minha ideia é que o delegado assuma definitivamente os comandos. Incentivo muito que os delegados de polícia saiam de seus gabinetes e que vão para o campo", reforçou.
Ao comentar sobre a sua segunda meta mais imediata, Carneiro declarou que até mesmo policiais costumam reclamar que são mal-atendidos em delegacias. "É algo crônico, que vem se arrastando há décadas", afirmou. Por isso, nos plantões nos distritos policiais, os boletins de ocorrência deverão ser registrados mesmo que o serviço de processamento de dados do governo estadual esteja fora do ar. Além disso, ele disse que determinará que não sejam mais utilizadas expressões em latim no registro dos boletins.
Antes de assumir como delegado-geral, Carneiro era diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro). Ele se formou em direito pela Universidade de São Paulo (USP) em 1986 e começou a trabalhar como delegado em 1989. Ele completa 22 anos na carreira neste mês.
Durante seus anos como delegado, ele trabalhou na Divisão Operacional da Corregedoria, na Divisão Antissequestro, no 47º Distrito Policial, no Capão Redondo, Zona Sul da capital paulista, e foi chefe da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Desde 2001, Carneiro também é professor de Gerenciamento de Crises na Academia de Polícia Civil (Acadepol). Ele substitui Domingos de Paula Neto no cargo de delegado-geral. A Secretaria da Segurança Pública ainda não informou qual será o novo cargo de Neto.