17 de dez. de 2014

PRIMEIRA ENTREVISTA DE 
ALEXANDRE DE MORAES 
AO ESTADÃO COMO SSP ANUNCIADO.
Em sua primeira entrevista como novo integrante da equipe de Alckmin para o ano que vem, Moraes disse vai priorizar o investimento na inteligência das polícias. A ideia é, segundo ele, atrelar o serviço de inteligência ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para otimizar combate ao crime organizado
"O foco mais importante vai ser diminuir a criminalidade. O combate à criminalidade organizada não se faz com força se faz com inteligência", afirmou Moraes.

Paulo Pinto/Estadão
Alexandre de Moraes foi uma espécie de 'supersecretário' da gestão de Gilberto Kassab (PSD)

Outra proposta que ele fará ao governador vai ser sobre a defesa de uma legislação estadual para a segurança. Moraes criticou o atual modelo, classificado por ele como um "paradoxo". 
"No Brasil, toda legislação ligada a segurança pública é da União. Mas há um paradoxo, porque a segurança é competência do Estado", afirmou ele ao defender  um maior diálogo com o governo federal e os municípios para estabelecer "uma atuação conjunta".
O advogado citou como exemplo um precedente aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre um caso em Alagoas. "O STF permitiu e aceitou abrir uma possibilidade maior dos Estados legislarem sobre questões afeitas à segurança".
Moraes ainda disse ser contra a proibição do uso de balas de borracha pela polícia. A decisão sobre o uso desse artifício aguarda sanção de Alckmin. 
"O que deve ser coibido é a má utilização da bala de borracha, assim como a má utilização de armas letais", afirmou ele. "Quem fizer má utilização deve ser punido."
Alckmin elogiou a gestão de Grella na Segurança e ressaltou a "competência" do atual secretário.
Integrantes do governo dizem que Moraes faz parte da cota pessoal de Alckmin. 
Moraes foi o quinto secretário anunciado para o novo governo nas últimas semanas. A primeira troca confirmada foi na semana passada, quando Alckmin definiu que Benedito Braga substituirá Mauro Arce na pasta de Recursos Hídricos. No mesmo dia, ele também acertou que o economista Renato Villela será o secretário da Fazenda no novo mandato, cargo hoje ocupado por Andrea Calabi.
Em seguida, o tucano anunciou a recriação da Secretaria de Governo, que será controlada pelo atual chefe da Casa Civil, Saulo de Castro. Com a ida de Saulo para o novo cargo, está praticamente certo que Edson Aparecido, que coordenou a campanha de Alckmin, assuma a Casa Civil.
Nesta terça-feira, 16, o governador decidiu que seu vice, Márcio França, seja o responsável pela secretaria de Desenvolvimento Econômico. 
Perfil. Jurista com 11 anos como promotor do Ministério Público e autor de 14 livros, Alexandre de Moraes tem uma carreira política marcada por polêmicas.  Foi uma espécie de capitão do time do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Era um supersecretário, comandando o maior orçamento da Prefeitura - R$ 5 bilhões.
Durante três anos, Moraes foi o supersecretário das pastas de Transportes e de Serviços e presidente do Serviço Funerário, da São Paulo Transporte (SPTrans) e da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET).
A carreira política começou em 2002, quando assumiu a Secretaria de Justiça do governo Alckmin. Acumulou polêmicas como presidente da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem) naquele ano, com a demissão supostamente arbitrária de 1,6 mil funcionários concursados, que depois acabaram sendo readmitidos por via judicial
Em 2010, durante a gestão Kassab, foi até cotado para ser o candidato do Democratas à prefeitura de São Paulo em 2012. Porém, entrou em atrito publicamente com a cúpula governista. Uma das razões para a saída de Moraes naquela época foi sua resistência ao projeto de criação da Autoridade Metropolitana de Transportes (AMT). 
Uma das principais bandeiras de Alckmin na época sofria resistência da capital e colocou Kassab em rota de colisão com seu padrinho político José Serra (PSDB).
Sua imagem também sofreu desgaste quando reviu os contratos da coleta de lixo em São Paulo - uma redução de 20% nos valores. A medida gerou greve dos garis e o lixo se acumulou nas ruas da capital, o que ajudou a potencializar as enchentes. Após as confusões, o ex-secretário rompeu com Kassab e deixou o DEM.
Após sua saída da vida política, Alexandre abriu um escritório de advocacia em São Paulo. Ele fará parte da cota pessoal de novos secretários de Alckmin. Os dois sempre mantiveram boa relação - o tucano consultava Moraes para assuntos jurídicos do governo.