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Acesso em: 26 dez. 2012
SÁBADO –
www.oestenoticias.com.br
ANO XVII – Nº 5.644 – 22 DE
DEZEMBRO DE 2012 - PRESIDENTE PRUDENTE-SP
GRAMPO
DA PM
Jornalistas do Oeste são monitorados
Central de escutas instalada
no CPI-8 continua funcionando e arapongas vigiam profissionais da imprensa dia
e noite
O jornal Oeste Notícias apurou que a Central de
Escutas instalada no prédio do CPI-8 da Polícia Militar, em Presidente
Prudente, continua em atividade. O governo estadual havia informado sobre a sua
desativação. Além de estar ativa, a Central reforçou o monitoramento diário de
jornalistas e editores que trabalham na apuração do caso. A reportagem
confirmou a existência de uma segunda Central na região: no batalhão da PM em
Dracena.
INVESTIGAÇÃO – A Polícia Civil de São Paulo anunciou que vai abrir inquérito
para investigar se a Central da PM de Prudente realizou escutas irregulares,
que teriam atingido pessoas sem ligação com o crime organizado como policiais
civis e jornalistas. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo.
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1.4 OESTE NOTICIAS – SÁBADO,
22 DE DEZEMBRO DE 2012 GERAL
‘GRAMPOS
ILEGAIS’
Polícia Civil investigará denúncia
À Folha de S. Paulo,
delegado-geral promete abrir inquérito para apurar monitoramento da PM em
Prudente
NEL OLIVEIRA
______________________
A Polícia Civil de São Paulo abrirá
um inquérito para investigar se uma central de monitoramento da Polícia Militar
realizou escutas irregulares, que teriam atingido pessoas sem ligação com o
crime organizado, como policiais civis e jornalistas. A informação foi prestada
pelo delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Luiz Maurídio Blazeck,
segundo reportagem publicada ontem (21) pelo jornal Folha de S. Paulo (C6,
cotidiano). A central funcionava na sede do comando da PM em Presidente
Prudente. A matéria é assinada pelos jornalistas Rogério Pagnan e Afonso
Benites, de São Paulo, e Josmar Jozino do “Agora”.
À Folha Blazeck explicou que a
abertura da investigação terá como base a representação feita pela Associação
dos Delegados e, também um boletim de ocorrência registrado pelo radialista
João Alkimin, autor de um blog sobre segurança pública.
A representação da Associação dos
Delegados é baseada em reportagens dos jornais “Oeste Notícias”, de Presidente
Prudente, e “Folha de São Paulo”, da Capital, sobre uma central de escutas
monitorada pelo então secretário da Administração Penitenciária, Antonio
Ferreira Pinto, para monitorar presos. Conforme a Folha revelou policiais,
promotores e juízes dizem que esse grupo acabou se tornando uma espécie de
central de espionagem.
A presidente da Associação dos
Delegados, Marilda Pinheiro, pediu a abertura de inquérito porque, segundo ela,
a realização de escutas irregulares é amplamente conhecida da polícia.
Segundo a Folha de S. Paulo, Alkimin
registrou um boletim de ocorrência após ser procurado por um policial do
Batalhão do Choque. Esse policial, segundo o radialista, disse que as ligações
dele com uma série de pessoas foram monitoradas, entre elas um desembargador,
um delegado, um investigador e outro jornalista.
Ainda segundo a Folha, antes de
Alkimin outro jornalista também diz ter sido vítima de uma escuta ilegal.
Sandro Barboza, da TV Bandeirantes, afirmou que foi procurado por um PM que lhe
mostrou uma gravação de um telefonema com um desembargador do Tribunal de
Justiça de São Paulo. O delegado-geral informou, porém, que ainda não recebeu
oficialmente a acusação, mas poderá investigar a versão apresentada por ele.
Blazeck falou com a “Folha” durante evento no Palácio dos Bandeirantes.
Com
reservas – Momentos antes, o jornal paulistano questionou o governador
Geraldo Alkimin (PSDB) sobre o assunto, mas ele não quis comentar. “Não temos
nenhum fato que comprove isso”, limitou-se a dizer. Já o secretário de Segurança
Pública, Fernando Grella, disse qe se houver algum “fato concreto” sobre caso,
ele será apurado.
ON
indicou o monitoramento no dia 03/11
Na edição do dia
3 de novembro deste ano a manchete de capa do Oeste Notícias foi a seguinte: “Governador
monitora região de Prudente”. A reportagem, assinada pelo jornalista Paulo
Godoi, informava que o coronel da reserva Homero de Almeida Sobrinho, que havia
comandado o CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior), com sede em Presidente
Prudente, prestava serviço diretamente ao gabinete do governador Geraldo
Alkimin e ao então secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.
Despachava dentro de uma sala exclusiva dentro do CPI-8 e teria como função
monitorar os passos e movimentação da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital).
No mesmo dia um
leitor anônimo ligou para a redação. Foi atendido por um jornalista, para quem
fez o seguinte comentário: “Vocês chegaram muito, mas muito perto da verdade”,
referindo-se a matéria publicada naquela edição. E prosseguiu: “Ele [coronel da
reserva] comanda uma central de monitoramento ilegal, onde trabalham cerca de
40 policiais militares. Além de presos também são monitorados adversários
políticos do governo. Inclusive vocês do Oeste Notícias estão sendo monitorados”.
No mesmo dia –
sob condição de anonimato – uma fonte da Polícia Militar confirmou à reportagem
que a PM realmente operava uma central de monitoramento na sede do CPI-8. “De
400 a 500 linhas são monitoradas simultaneamente. Os equipamentos foram
importados, acho que dos Estados Unidos. Há até policiais sendo monitorados
declarou.
No dia 11 de
dezembro o Diário Oficial do Estado (DOE) publicou a exoneração do coronel da
reserva Homero de Almeida Sobrinho da função de Assessor Especial do Secretário
da Segurança Pública. A dispensa havia sido assinada em 6 de dezembro por
Fernando Crella Vieira, que dias antes havia substituído Antonio Ferreira Pinto
no cargo de Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. “Além de
demitir o coronel Homero, o novo secretário também determinou a desativação
imediata da central de monitoramento montada pela Polícia Militar em Prudente”,
informou uma fonte ao Oeste Notícias.
Repercussão – Na edição do dia 12 de
dezembro o Oeste Noticias publicou a seguinte manchete de capa: “Grampo da PM é
desativado”. A matéria informava que a central telefônica que monitoraria 500
linhas do crime organizado, além de policiais e jornalistas, funcionava
ilegalmente. No dia 15 de dezembro a notícia sobre o grampo ilegal repercutia
na Folha de S. Paulo e portal UOL, quando a Associação de Delegados decidiu
solicitar abertura de inquérito policial. No dia 16 de dezembro, o ON informava
que pelo menos cinco viaturas e 40 policiais desfalcaram durante seis anos o
policiamento em Prudente para atuarem exclusivamente na central de
monitoramento. Na edição de ontem (21), o jornal folha de S. Paulo publicou que
“governo manda investigar supostos grampos ilegais”.
Batalhão de Dracena também abriga “grampo”
O jornal Oeste
Notícias apurou que a Central Telefonica de Escutas localizada no Batalhão da
Polícia Militar em Presidente Prudente não foi desativada, como o governo
anunciou.
Fontes
confirmaram que, além do grampo em Prudente, há uma Central funcionando no
Batalhão de Dracena, que teria sido montada a fim de monitorar os presídios da
região da paulista. A reportagem apurou ainda que o objetivo de grampear
ligações de integrantes do crime organizado (PCC), a Central passou a fazer escutas
e monitorar os chamados “alvos potenciais”, que são personalidades, adversários
políticos e, principalmente jornalistas.
O chamado “monitoramento
do poder” é, segundo a fonte, quando informações jornalísticas resvalam na
figura do governador. E a denúncia da Central de Escutas, “afetou o governo e
põe em risco as eleições de 2014”. Jornalistas do Oeste Notícias, segundo a
fonte, estão sendo monitorados diariamente com fotos e relatos sobre o que
fizeram durante o dia. “Até em churrascos vocês são monitorados”, disse a
fonte.