23 de nov. de 2012

Mortos em SP tiveram ficha checada antes de ataques, diz delegado-geral



22/11/2012 12h13- Atualizado em 22/11/2012 19h46

Mortos em SP tiveram ficha checada antes de ataques, diz delegado-geral

Segundo Marcos Carneiro, policiais militares estão sendo investigados.

Delegado colocou cargo à disposição após troca de comando na SSP.

Kleber TomazDo G1 São Paulo

O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro de Lima, afirmou nesta quinta-feira (22) que pessoas mortas durante a onda de violência no estado tiveram suas fichas verificadas no sistema da polícia antes de serem assassinadas. “Algumas das vítimas tiveram, sim, seus antecedentes criminais consultados momentos antes de serem mortas”, disse o delegado-geral.


A afirmação foi feita durante a cerimônia de posse do novo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira. Com a mudança na cúpula da Segurança, o delegado-geral afirmou ter colocado seu cargo à disposição.

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De acordo com o delegado-geral, há indícios de extermínio das vítimas. Policiais militares também estão sendo investigados por suspeita de praticar parte desses assassinatos. Desde o início do ano, 93 policiais foram mortos em São Paulo. Além disso, a região metropolitana vem registrando média de assassinatos por dia maior que no ano passado (vejatabela).

Para Lima, isso corrobora para a suspeita de que parte das vítimas foram executadas. Perguntado se esse dado reforça a tese de que há grupos de extermínio em São Paulo, o delegado-geral se esquivou. ”O que posso dizer é que há indícios de extermínio. Sobre grupos ainda estamos investigando.”

As investigações dessas mortes estão sendo conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Lima, entretanto, não informou quantos policiais são investigados por suspeita de participação em assassinatos ocorridos durante a onda de violência.

O delegado-geral reafirmou que colocou seu cargo à disposição de Grella – Lima havia sido nomeado para a chefia da Polícia Civil pelo ex-secretário Antonio Ferreira Pinto. Lima terá uma reunião nesta tarde com Grella e deverá novamente colocar seu cargo à disposição do novo chefe da pasta da Segurança Pública.

Lima informou ainda que a Polícia Civil está investigando as redes sociais dos suspeitos de envolvimento nas mortes ocorridas durante a onda de violência.

Posse

A cerimônia de posse do ex-procurador-geral de Justiça Fernando Grella Vieira como secretário de Segurança Pública de São Paulo ocorreu na manhã desta quinta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Grella afirmou que as ações contra o crime e respeito aos direitos humanos podem ser conciliados. "(É preciso) desfazer a noção equivocada de que o combate firme ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes. Não são", disse o novo secretário.

O governador Geraldo Alckmin e Antônio Ferreira Pinto, que foi exonerado do cargo na quarta-feira (21), participaram da cerimônia. Segundo Grella, um dos desafios da gestão será "manter a segurança pública no hall das políticas públicas, promovendo a cidadania, combatendo o crime e a violência”.

Em seu discurso de despedida do cargo, Ferreira Pinto ressaltou ter realizado mudanças e valorizado a Polícia Civil. Ele ainda elogiou a atuação da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) e negou que a Polícia Civil tenha sido afastada das investigações. Ele citou ainda as armas apreendidas e criminosos presos pela Rota. Segundo ele, apenas em 2012, os policiais da Rota apreenderam mais de R$ 15 milhões do crime organizado. “Eu me orgulho de ter prestigiado a Rota para diminuir a sensação de insegurança que assola todos nós (...) A Rota cumpriu seu papel com muita galhardia e volto a dizer que a Polícia Civil não foi afastada das investigações.”

A mudança no gabinete de Segurança ocorre no momento em que o estado passa por uma alta em índices de criminalidade. Desde o início do ano, 93 policiais foram mortos em São Paulo. Além disso, a região metropolitana vem registrando média de assassinatos por dia maior que no ano passado.