Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u16369.shtml Acesso em: 11 maio 2011
06/03/2001 - 10h06
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RICARDO FELTRIN
Coordenador de Cotidiano Online
Desde o momento em que assumiu o governo estadual, em 1995, Mário Covas enfrentou um "massacre" _dentro e fora do partido_ por sua escolha para o comando da Secretaria da Segurança Pública.
Ao colocar na pasta o advogado José Afonso da Silva, um humanista, Covas enfrentou a ira de políticos de oposição, entidades civis e até mesmo de seus aliados tucanos.
Durante o período em que manteve Afonso da Silva (de janeiro de 95 a janeiro de 99), Covas não passou uma semana sem receber pressão, críticas ou ataques diretos.
A deputada federal Zulaiê Cobra Ribeiro e o então presidente da Cosesp (Companhia de Seguros do Estado de São Paulo), João Leite Neto, eram praticamente "inimigos declarados" da política do secretário.
Em entrevistas (em rádios, principalmente), esses dois aliados do governador se comportavam como a oposição mais radical, quando o assunto era segurança pública.
O espancamento e a morte de civis por PMs em Diadema, exibido pela Rede Globo para todo Brasil em março de 97, foi o aude do "massacre" a Covas e a Afonso da Silva.
De março a dezembro daquele ano, Covas ouvia quase que semanalmente os pedidos de demissão de seu secretário.
Covas não aceitou: não só evitou demitir Afonso da Silva, como trocou toda a cúpula das polícias Civil e Militar só para fortalecê-lo.
Num de seus projetos mais ousados, mandou a Brasília um projeto de lei para a unificação do policiamento no Estado.
Durante a coletiva em que anunciou tal projeto, foi questionado pela reportagem da Folha de S.Paulo sobre a possível repercussão do projeto junto à P2 _como é chamado o Serviço de Inteligência, a parte "secreta" da PM.
Ao ouvir a pergunta, microfone aberto, o ingênuo Covas olhou para Afonso da Silva, atônito:
"Mas o que é P2, Zé?"
Ao ouvir a resposta, apenas murmurou:
"Isso existe?"