15 de fev. de 2011

1. POLICIA CIVIL PEDE SOCORRO

JORNAL OESTE NOTÍCIAS

Editorial do dia: 13/02/2011
Estado estarrecedor


Quando o Estado não cumpre as obrigações que lhe cabem, a cara conta do desserviço tem de ser paga duas vezes pela população. A primeira vem na forma dos impostos. A segunda se dá na contratação de serviços particulares para suprir as deficiências das instituições públicas. O estado estarrecedor em que se encontram os distritos e delegacias da Polícia Civil espalhados por Presidente Prudente é um retrato fiel do descaso com que o governo paulista trata a segurança pública.

A reportagem do Oeste Notícias apurou, na última semana, problemas em 14 locais nos quais a Polícia Civil presta atendimento ao público em Presidente Prudente. A falta de estrutura para o trabalho dos agentes do Estado é estarrecedora. Os prédios estão sucateados, falta acessibilidade, provas de investigações encontram-se espalhadas pelo chão e não há funcionários suficientes para a demanda de serviços. Como se isso tudo não bastasse, as vítimas ainda se veem obrigadas a compartilhar espaço com bandidos e falta a reposição de insumos básicos, como lâmpadas para iluminar os ambientes de trabalho. Como pode o Estado de São Paulo, a unidade mais rica e desenvolvida da federação, deixar a segurança pública jogada às traças? É uma vergonha que o PSDB, que domina o governo paulista desde 1995, tenha cravado na segurança pública do Estado de São Paulo esta marca deletéria. Os profissionais da Polícia Civil, que merecem todo o nosso respeito, por mais que se esforcem, não conseguem trabalhar de forma decente, diante de tamanho abandono. Delegados, investigadores, escrivães, peritos e outros servidores que, através de disputados concursos públicos, decidem seguir carreira no Estado estão de mãos completamente atadas. Não conseguem desempenhar suas funções porque o governo limita ao máximo os investimentos, deixando os funcionários a pão e água. São verdadeiros heróis que cotidianamente resistem ao completo descaso do governo paulista. Garantir uma estrutura adequada e eficiente para o funcionalismo é tarefa fundamental do Estado para que a população receba serviços de qualidade na segurança pública. Não dá para entender por que o Estado instala distritos e delegacias para atender os bairros da cidade sem dotá-los de condições de funcionamento. Devido à incompetência do Estado, a população prudentina se vê ameaçada e com isso obrigada a gastar uma fortuna com serviços particulares de segurança. Isso acende uma chama perigosa. Ao descuidar da segurança pública, o Estado privatiza uma função que é, constitucionalmente, de sua incumbência. A contratação de serviços privados de segurança exige muita atenção. As pessoas precisam buscar informações sobre os prestadores dos serviços contratados, para saber se possuem qualificação, treinamento, preparação e honradez para atuar em área tão delicada. Se não tomarem as cautelas necessárias, as pessoas podem se tornar vítimas da coação de verdadeiras milícias que se beneficiam das fragilidades do Estado.